sábado, 3 de dezembro de 2011

Frases...

" Pais e professores vibram com os filhos e alunos que atigem os primeiros lugares, mas o amor inteligente exige que nos coloquemos ao lado daqueles que nunca saíram das últimas fileiras. Aqueles que aplaudem apenas os que têm os melhores desempenhos não sabem que educar é investir em especial naqueles que nos decepcionam."
                                                                                         
                                                                                                        ( Augusto Cury)

domingo, 27 de novembro de 2011

Historinhas de Natal


             




               Um Milagre De Natal
                               Maria Hilda de J. Alão
       
Era dia de Natal e, no orfanato Santa Terezinha, terminara o almoço das crianças que ali viviam por não terem família. Era hora de brincarem no pátio e no parquinho. Algumas se divertiam jogando bola, outras nos brinquedos do parquinho. O carrossel era o preferido. A irmã Josélia monitorava as brincadeiras para evitar acidente porque, duas semanas antes do Natal, uma das crianças, a Luisinha, caiu do escorregador sofrendo fratura de joelho. Em virtude deste acidente, Luisinha permanecia hospitalizada e não pôde participar da festa de Natal.
Cristina, amiga de Luisinha, estava triste com a ausência da amiga. Chorou muito. A irmã Josélia a consolava dizendo:
- São apenas alguns dias, logo Luisinha estará aqui entre nós. Vamos rezar para que ela fique boa bem rápido. Tá Bom?
Não adiantava. A saudade era grande e Cristina não podia evitar a tristeza, tanto não podia que estava sentada no balanço do parquinho falando:
- Deus, por que você não tira a minha amiga daquele hospital? Sabe, Deus! Eu queria ser uma médica para curar o joelho da Luisinha. Não só curar a Luisinha, mas toda gente que fica doente.
Quando a menina terminou de falar viu, ao seu lado, um homem alto de cabelos brancos, com uns olhos tão brilhantes que não dava para identificar a cor.
- Está falando com alguém, pequenina? – perguntou o homem com um sorriso simpático.
- Estou sim. Estou falando com Deus.
- E ele respondeu? – perguntou o desconhecido.
- Ainda não, mas vai responder. Ele nunca deixa de atender a gente. – respondeu a criança.
- E o que estava, a menina, falando com ele?
- Eu pedi que ele curasse a minha amiga. Hoje é Natal e eu não consegui entregar o presente dela.
Meteu a mão no bolso do avental e tirou uma folha de papel onde estava desenhada uma árvore de natal com os dizeres: “Para a Luisinha, um Feliz Natal, da amiga Cristina” e, mostrando, disse ao homem:
- Este é o meu presente pra ela. Eu fiz na aula de desenho.
- É lindo como a sua amizade por ela. – disse o estranho.
- Você tem família? Por que está aqui no dia de Natal? Devia estar com seus filhos. Você tem filhos? Onde você mora?
- Quanta pergunta, Cristina! Disse ele sorrindo.
- Como sabe o meu nome? eu nem disse pra você!
- Eu sei muitos nomes. Você não imagina quantos.
- Quem é você? Qual o seu nome? – perguntou Cristina curiosa.
- Eu? Eu sou aquele a quem chamaste.
- Eu não chamei você. Eu chamei Deus. Por acaso você é Deus – disse a menina desconfiada.
- Quer que eu seja? Então eu sou.
Como milagre o tempo parou. As crianças que brincavam no carrossel, no gira-gira, no escorregador e no balanço ficaram paralisadas como estátuas. Então o homem pegou a mão de Cristina e a levou pelos ares. Voaram como se fossem pássaros, indo pousar no quarto do hospital onde Luisinha estava internada com a perninha engessada. Quando a doentinha viu a amiga acompanhada daquele senhor de cabelos brancos perguntou:
- Cristina, você veio me visitar, cadê a irmã Josélia? E este senhor, ele é o seu avô?
- Não. Ele é Deus. Ele é bonito, não é? Ele sabe voar e eu voei com ele para dar o seu presente de Natal. – disse a menina toda entusiasmada entregando a folha de papel para amiga que, depois de ler, guardou-a embaixo do travesseiro.
- Oi, Deus! Eu sou a Luisinha. Ainda não posso sair da cama porque o meu joelho dói muito.
E Deus, aproximando-se do leito da menina, colocou a mão sobre o joelho doente e disse:
- Está doendo agora?
- Não. Estou sentindo um calor na perna. Só isso.
- Amanhã estará no orfanato ao lado de sua amiga e das outras crianças. – disse o Todo-Poderoso.
De repente Cristina se viu novamente no orfanato, no mesmo lugar. Tudo continuava como antes, a brincadeira, a gritaria das crianças nos brinquedos, foi como se ela não tivesse saído dali.
- Como fez isso? Nós nem voamos de volta! – perguntou a menina.
- Você disse que sou Deus, e para Deus nada é impossível. Saiba, menina que para você eu reservei uma missão especial, e, quando crescer, fará tudo aquilo que desejou hoje e eu estarei ao seu lado guiando a sua mão e a sua cabeça.
Dizendo estas palavras, o homem alto de cabelos brancos ergueu os pés do chão e foi se elevando diante dos olhos abismados da criança e desapareceu no azul do céu. À noite Cristina foi dormir com pensamentos martelando a sua cabeça: Ela chamara Deus, e ele veio. Como será que ele ouviu. Será que ela o veria novamente? Finalmente adormeceu.
No dia seguinte, na parte da manhã, a freira, diretora do orfanato, recebeu um telefonema do hospital.
- Irmã Glória, a menina Luisa já está de alta. Pode vir buscá-la. – dizia a voz da enfermeira do outro lado da linha.
- Como? O médico disse que ela talvez saísse depois do ano novo!
 - Pois é, irmã, o médico também não acreditou, mas a fratura sarou, não tem nem sinal. Ele acha que foi milagre, um milagre de Natal.


Olá amigos, o natal está se aproximando,deixo para vocês esta linda guirlanda
De natal de EVA com molde (achei na net).
Espero que gostem!!!





sábado, 5 de novembro de 2011

Brincar, educar e cuidar ...

É brincando que se aprende.


O professor Pardal gostava muito do Huguinho, do Zezinho e do Luizinho, e queria fazê-los felizes. Inventou, então, brinquedos que os fariam felizes sempre, brinquedos que davam certo sempre: uma pipa que voava sempre, um pião que rodava sempre e um taco de beisebol que acertava sempre na bola. Os três patinhos ficaram felicíssimos ao receber os presentes e se puseram logo a brincar com seus brinquedos que funcionavam sempre. Mas a alegria durou pouco. Veio logo o enfado. Porque não existe nada mais sem graça que um brinquedo que dá certo sempre. Brinquedo, prá ser brinquedo, tem de ser um desafio. Um brinquedo é um objeto que, olhando para mim, me diz: “Veja se você pode comigo!” O brinquedo me põe à prova. Testa as minhas habilidades. Qual é a graça de armar um quebra cabeças de 24 peças? Pode ser desafio para um criança de 3 anos, mas não para mim. Já um quebra-cabeças de 500 peças é um desafio. Eu quero juntar as suas peças! E, para isso, sou capaz de gastar meus olhos, meu tempo, minha inteligência, meu sono..
Qualquer coisa pode ser um brinquedo. Não é preciso que seja comprado em lojas Na verdade, muitos dos brinquedos que se vendem em lojas não são brinquedos precisamente por não oferecerem desafio algum. Que desafio existe numa boneca que fala quando se aperta a sua barriga? Que desafio existe num carrinho que anda ao se apertar um botão? Como os brinquedos do professor Pardal, eles logo perdem a graça. Mas um cabo de vassoura vira um brinquedo se ele faz um desafio: “Vamos, equilibre-me em sua testa!” Quando eu era menino eu e meus amigos fazíamos competições para saber quem era capaz de equilibrar um cabo de vassoura na testa por mais tempo. O mesmo acontece com um corda no momento em que ela deixa de ser coisa para se amarrar e passa a ser coisa de se pular. Laranjas podem ser brinquedos? Meu pai era um mestre em descascar laranjas sem arrebentar a casca e sem ferir a laranja. Para o meu pai a laranja e o canivete eram brinquedos. Eu olhava para ele e tinha inveja. Assim, tratei de aprender. E ainda hoje, quando vou descascar uma laranja, ela vira brinquedo nas minhas mãos ao me desafiar: “Vamos ver se você é capaz de tirar a minha casca sem me ferir e sem deixar que ela arrebente...”
Para um alpinista o Aconcágua é um brinquedo: é um desafio a ser vencido. Mas um morrinho baixo não é brinquedo porque é muito fácil; não é desafio. Ao escalar o Aconcágua ele está medindo forças com a montanha ameaçadora! E pelo desafio dos picos os alpinistas arriscam as suas vidas, e muitos morrem. Parodiando o Riobaldo: “Brincar é muito perigoso...”
Há brinquedos que são desafios ao corpo, à sua força, habilidade, paciência.. E há brinquedos que são desafios à inteligência. A inteligência gosta de brincar. Brincando ela salta e fica mais inteligente ainda. Brinquedo é tônico para a inteligência. Mas se ela tem de fazer coisas que não são desafio, ela fica preguiçosa e emburrecida. Todo conhecimento científico começa com um desafio: um enigma a ser decifrado! A natureza desafia: “Veja se você me decifra!” E aí os olhos e a inteligência do cientista se põem a trabalhar, para decifrar o enigma. Assim aconteceu com Kepler cuja inteligência brincava com o movimento dos planetas.. Assim aconteceu com Galileu que, ao observar a natureza, tinha a suspeita de que ela falava uma linguagem que ele não entendia. Pôs-se então a observar e a pensar ( ciência se faz com essas duas coisas, olho e cérebro! ) até que decifrar o enigma: a natureza fala a linguagem da matemática! E até hoje os cientistas continuam a brincar o mesmo brinquedo descoberto por Galileu. Aconteceu assim também com um monge chamado Mendel. No seu mosteiro havia uma horta onde cresciam ervilhas. Os outros monges, vendo as ervilhas, pensavam em sopa. Mas Mendel percebeu que elas escondiam um segredo. E ele tanto fez que acabou por descobrir o seu segredo que nos revelou o incrível mundo da genética. E não é esse mesmo jogo que faz a criança que está começando a aprender a ler? Ela olha para as palavras – ervilhas – e tenta decifrar a palavra que elas formam. Tudo é brinquedo!
Congressos de educação: a gente pensa logo em professores, psicólogos, “papers” científicos, filósofos... Estive em um, na Itália, diferente, onde havia muitas crianças. E havia uma oficina em que um “mestre” ensinava às crianças a arte de fazer brinquedos. Um deles era um par de pregos grandes, tortos, entrelaçados que, se a gente for inteligente, consegue separar. Gastei uns bons dez minutos lutando com os pregos, absorvido, inutilmente. De repente me perguntei: “Por que eu assim gastando o meu tempo com um par de pregos?” Eu lutava com os pregos pelo desafio. Eu queria provar que eu podia com eles... Repentinamente percebi que a primeira terefa do professor é, à semelhança dos pregos, entortar a sua “disciplina” ( ô, palavra feia, imprópria para uma escola! ) e para transformá-la num brinquedo que desafie a inteligência do aluno.Pois não é isso que são a matemática, a física, a química, a biologia, a história, o português? Brinquedos, desafios à inteligência. Mas, para isso, é claro, é preciso que o professor saiba brincar e tenha uma cara de criança, ao ensinar. Porque cara feia não combina com brinquedo...

                         Autor: Rubem Alves.